A Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crónica autoimune, que surge quando o pâncreas deixa de poder fornecer a insulina necessária ao funcionamento do organismo.
Quais são os sintomas?
O diagnóstico é feito geralmente após os sinais e sintomas se estabelecerem durante algumas semanas ou meses: a criança tem muita sede, bebe muita água e também urina muito, voltando a molhar a cama durante a noite, mesmo após já ter adquirido o controlo dos esfíncteres. Ao mesmo tempo, a criança tem muita fome e come mais mas, paradoxalmente, emagrece, tem menos força e está mais cansada e irritada.
Os tipos de diabetes
Logo após o diagnóstico é essencial que se elucide a criança e a família das diferenças entre a Diabetes tipo 1 (DM1) e tipo 2 (DM2). A DM1 é o tipo de diabetes mais comum nas crianças, havendo deficiência de insulina. A DM2 é mais típica dos adultos sedentários e obesos, existindo inicialmente uma resistência à ação da insulina.
Até à data, não se consegue prevenir o aparecimento da DM1. Sabemos que crianças amamentadas apenas por leite materno têm menos probabilidades de desenvolver a doença. No entanto, é necessário que tanto a criança como os pais percebam que não poderiam ter evitado o aparecimento da doença e que não têm qualquer culpa. Ao contrário da DM2, a insulina na criança com DM1 é imprescindível à vida. A administração de insulina tem de ser feita por injeções subcutâneas, que poderão ser efetuadas pela família ou pela própria, com canetas de insulina, antes de todas as refeições e antes de dormir.
A rotina da criança com diabetes
Na dinâmica familiar diária, vão ter de ser incluídas novas tarefas tais como a avaliação da glicemia capilar (“açúcar” no sangue) antes das refeições e a administração de insulina. Só assim é possível ter bom controlo da doença. É essencial que toda a família, incluindo a criança com diabetes, tenha uma alimentação diária saudável. A melhor forma para obter os valores de glicemia adequados e ajustar a insulina necessária a administrar à refeição que se vai ingerir, é a contagem da quantidade de hidratos de carbono ingeridos contidos nos alimentos. A criança pode inclusivamente comer doces de forma esporádica, desde que haja um ajuste da dose de insulina a administrar. Obviamente, estes não devem fazer parte da alimentação diária da criança com diabetes, tal como de qualquer criança. É também essencial, para um melhor controlo da glicemia, que as crianças e adolescentes com diabetes pratiquem exercício físico.
No que toca à integração escolar, é fundamental que as crianças com diabetes não sejam alvo de discriminação, mas sim de atenção, pois podem e devem, realizar as mesmas atividades que os seus colegas. O seu desempenho escolar não fica de forma alguma prejudicado desde que a diabetes esteja controlada. Após se dar conhecimento à escola através do plano de saúde individual, a equipa hospitalar, a equipa de saúde escolar e os pais devem cooperar no sentido de se obter uma completa integração escolar.
Habitualmente, além das consultas regulares no hospital, são também acompanhados por nutricionistas e psicólogos, de forma a monitorizar a correta adaptação da criança e família à vida com este tipo de doença crónica.
É inegável que o diagnóstico da doença na criança vem abalar o agregado familiar, mas é possível ultrapassar o impacto inicial da doença com ajustes na rotina diária e o auxílio de todos os que contactam com a criança.
As novas tecnologias estão continuamente a ser desenvolvidas de forma a melhorar a qualidade de vida e o controlo da doença. Possuímos sistemas com capacidade de avaliar e monitorizar a glicemia de forma contínua, podemos administrar insulina através de uma bomba perfusora apenas com a colocação de um cateter subcutâneo a cada três dias, em vez das cinco ou mais injeções diárias. Brevemente teremos outros sistemas que controlam a glicemia de forma mais rigorosa e reduzindo a intervenção humana.
É fundamental o equilíbrio entre a qualidade de vida, o controlo metabólico, a família e a escola. É possível ter DM1 e ser feliz, precisamos de fazer bem no presente e esperar fazer ainda melhor no futuro.