Ao longo da gravidez, dá-se um aumento das necessidades energéticas e nutricionais, para assegurar o crescimento do feto, da placenta, do líquido amniótico e de vários tecidos maternos, como o útero e o tecido mamário, bem como do aumento do volume de sangue. Um inadequado estado nutricional pode levar a complicações maternas, fetais e/ou no recém-nascido, que se podem manter até à idade adulta. É, por isso, importante ter uma alimentação completa, variada e equilibrada, que inclua hidratos de carbono.
A importância dos hidratos de carbono
Também conhecidos por glúcidos, os hidratos de carbono são um macronutriente indispensável, já que são a principal fonte de energia para a grávida e para o bebé. São também muito importantes para manter os níveis de açúcar no sangue adequados.
No entanto, não existem recomendações específicas para a ingestão de hidratos de carbono na mulher grávida. Mantém-se, assim, o intervalo de referência para a ingestão deste macronutriente igual ao das mulheres em idade fértil: 45-60% do valor energético total. Isto significa que mais de metade da alimentação da grávida deve ser assegurada através de alimentos que fornecem este macronutriente. Por isso, é fundamental conhecer quais as melhores fontes alimentares deste nutriente.
Hidratos de carbono complexos e simples
- Os hidratos de carbono complexos estão presentes em alimentos como os cereais integrais (pão, massa ou arroz integral, aveia), as leguminosas (favas, ervilhas, lentilhas, grão-de-bico, feijão), a fruta fresca e os hortícolas. São fonte de fibra, que ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue e a melhorar a obstipação, um dos sintomas gastrointestinais mais frequentes na gravidez. A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar não especifica a quantidade de fibra a ingerir durante a gestação — por isso, mantém a recomendação de 25 g por dia, tal como para a mulher não grávida.
- Os hidratos de carbono simples estão presentes nos refrigerantes, nos cereais de pequeno-almoço açucarados, nos bolos, biscoitos, chocolates, nas bolachas açucaradas e também em produtos “naturais”, como o mel, xaropes, sumos de fruta e concentrados de sumo de fruta. A Organização Mundial da Saúde recomenda que o aporte de açúcares simples não deva ser superior a 10% do valor energético total.
Exemplos de refeições equilibradas, que são fonte de “boa energia”
- Pequeno-almoço: 1 fatia de pão integral + 1 fatia de queijo magro + 1 copo de leite magro/meio-gordo ou bebida vegetal + 1 peça de fruta
- Refeição principal: sopa de legumes + prato principal com carne ou peixe ou ovo + arroz ou batata ou massa + hortícolas cozinhados ou crus + 1 peça de fruta
- Lanche: 1 kefir + 1 porção de frutos oleaginosos + 1 peça de fruta
Desta forma, incluir no padrão alimentar materno alimentos ricos em hidratos de carbono na quantidade adequada a cada mulher grávida contribui para um desenvolvimento e crescimento fetal saudável, ganho de peso gestacional adequado e menor risco de complicações materno-fetais, no pós-parto e na infância.
Autoras: Joana C. Oliveira (nutricionista) e Maria Ana Kadosh (médica)