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A perda gestacional

A perda gestacional

A perda gestacional traduz a fragilidade do processo da gravidez e é, ainda hoje, pouco valorizada socialmente.

Atualizado a 23/03/2023
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A perda gestacional

Atualmente, a gravidez é cada vez menos frequente e surge mais tarde na vida da mulher, sendo muito planeada e resultado de um grande investimento do casal. Os avanços da medicina permitem um diagnóstico cada vez mais precoce, com a ilusão de que a gravidez será sempre saudável e sem intercorrências. Porém, as estatísticas demonstram a fragilidade deste processo, pois cerca de 10% terminam em abortamento e 22% das fecundações não têm continuidade. A perda gestacional pode ocorrer em qualquer idade, embora seja mais frequente em mulheres com idade tardia.

Lidar com a perda gestacional

As perdas gestacionais são pouco valorizadas socialmente, sobretudo quando ocorrem precocemente. Em consequência da reduzida presença de sinais que evidenciem a gravidez e dos tabus que envolvem estes acontecimentos, os pais nem sempre sentem que a sua dor e os seus sentimentos são reconhecidos e sofrem em silêncio. A ausência de rituais fúnebres ou simbólicos, a falta de alguém com quem partilhar a experiência podem dificultar o processo de luto.

Nos casos em que, numa gravidez aparentemente saudável, os pais são confrontados com o diagnóstico de malformações fetais graves, a necessidade de decidirem quanto à continuidade da gravidez, coloca-lhes um dos dilemas mais difíceis da sua vida: o pouco tempo para reflexão, as dúvidas e os sentimentos de culpa associados ao diagnóstico, tornam esta decisão uma das mais traumáticas.

Por sua vez, a perda gestacional tardia carrega o peso de uma barriga saliente, das imagens ecográficas, de sensações únicas, da fantasia do bebé ideal e da sua relação com ele e a preparação para o seu acolhimento. A interrupção deste processo implica a reorganização da vida e projetos, uma nova visão do corpo materno, do seu papel na sociedade, da relação familiar e conjugal. Nesta fase, os rituais fúnebres são particularmente dolorosos: o berço é deixado vazio e os colos também. Sentimentos intensos sobrevêm: choque, raiva, negação, incredulidade e, nalguns casos, podem surgir ansiedade e sintomas depressivos. As dúvidas assolam a mente da mulher, na procura de justificação muitas vezes inexistente, e mais nenhuma gravidez será vivida na sua plenitude, com segurança e sem medos.

A perda gestacional representam a suspensão dos sonhos, esperanças e expetativas que normalmente se associam ao nascimento de um filho. Cada casal vive o processo de perda de modo único. Para muitos, significa um insucesso pessoal, a perda de um projeto de vida, uma prova da incapacidade para a paternidade/ maternidade. O modo distinto como homens e mulheres vivem o luto pode causar dificuldades na comunicação do casal com repercussões na relação conjugal.

 

A vida depois da perda

A criação de memórias pode facilitar a adaptação à nova realidade: guardar as ecografias, um pouco do cabelo, uma pulseira de identificação ou até mesmo uma fotografia. Ver, tocar e embalar o seu bebé podem ser fundamentais para integrar a experiência e despedir-se do seu filho.

As Enfermeiras Especialistas em Saúde Materna e Obstétrica, são um importante suporte desde o momento da notícia, proporcionando informação objetiva e concreta, explicações acerca dos procedimentos, disponibilidade e abertura para ouvir ativamente, valorizando os sentimentos expressos, satisfazendo as necessidades específicas do casal. Encorajar a comunicação e a expressão de sentimentos, encaminhar para grupos de apoio e de partilha de experiências, promover estratégias para um luto saudável, são tarefas indispensáveis para que o casal encontre as respostas às perguntas que preenchem um colo vazio e encontrem novos significados nas suas vidas.

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