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Quando suspeitar de surdez infantil?

Quando suspeitar de surdez infantil?

Nas crianças o diagnóstico de surdez não é simples, mas é fundamental que seja precoce para minimizar as suas consequências.

Atualizado a 25/07/2023
6 MINUTOS DE LEITURA
surdez infantil

Por cada 1000 recém-nascidos, uma a duas crianças saudáveis, nascem com surdez.

rastreio auditivo neonatal universal é uma ferramenta fundamental para o diagnóstico de surdez à nascença e todos os recém-nascidos o devem fazer.

O diagnóstico precoce de surdez infantil é essencial.

  • Quando não é tratada, a surdez pode ter consequências graves no desenvolvimento da fala e linguagem da criança e, como tal, nas suas capacidades de comunicação.
  • Tal poderá ser determinante para o seu desempenho escolar e desenvolvimento psicossocial, podendo vir a influenciar todo o seu futuro.

Quando suspeitar de surdez

À medida que uma criança vai crescendo deve-se suspeitar de surdez quando há sinais de que a linguagem não se desenvolve de acordo com o que é expectável para a idade, por exemplo:

  • Não reage aos sons, não procura o som ou não sorri até aos 6 meses de idade;
  • Não produz sons, não palra, não reage ao seu nome até 1 ano de idade;
  • Não diz palavras simples como mamã, papá, sim, não, cão, dá, entre outras, até aos 15-18 meses de idade;
  • Não compreende instruções simples, não constrói frases simples com 2 palavras como: já está, não está, não há, entre outras, até aos 2 anos de idade. As frases devem aumentar de complexidade ao longo dos 2 anos;
  • Usa uma linguagem que não se compreende e usa mais gestos que palavras entre os 3 e os 4 anos de idade;
  • Falava dentro do esperado para a idade, mas deixa de falar ou retrocede em termos linguísticos.

O diagnóstico de surdez infantil nem sempre é fácil.

  • É necessário um elevado índice de suspeição tanto por parte dos pais e cuidadores como em ambiente escolar (na creche e na escola).

Tipos de surdez

Há dois tipos de surdez.

Surdez de transmissão

Na surdez de transmissão há um compromisso na transmissão do som.

  • A causa pode ser um simples rolhão de cerúmen, uma otite serosa, problemas do ouvido médio e da cadeia ossicular, entre outros.

A otite serosa é a causa mais frequente de surdez de transmissão na idade pré-escolar e está relacionada com a presença de muco/líquido no ouvido médio que impede a transmissão normal do som (não tem qualquer relação com a presença de cera no ouvido). Para além de provocar surdez, a otite serosa pode favorecer otites de repetição e, se não tratada, poderá evoluir para otite crónica.

Geralmente a surdez de transmissão tem tratamento, seja médico e/ou cirúrgico.

Surdez neurossensorial

Na surdez neurossensorial há um compromisso na perceção do som. A surdez neurossensorial é irreversível e permanente.

Pode ser congénita, quando as crianças já nascem com surdez, ou adquirida, quando é mais tardia, surgindo depois do nascimento.

Surdez neurossensorial congénita

A surdez neurossensorial congénita pode ser hereditária ou estar relacionada com alterações que ocorreram in utero durante a gravidez

A existência de familiares com história de surdez congénita deve alertar para a possibilidade de se tratar de uma surdez hereditária de causa genética que corresponde a mais de 50% dos casos de surdez congénita. Relativamente à sua transmissão, a surdez hereditária pode ter os seguintes comportamentos:

  • Autossómico dominante e, neste caso, um dos pais também tem surdez;
  • Autossómico recessivo e, neste caso, há familiares com história de surdez na família, mas os pais não têm surdez;
  • Ligada ao cromossoma X e, neste caso, a mãe é portadora do gene e não tem surdez, mas os seus filhos do sexo masculino nascerão com surdez.

In utero, durante a gravidez também podem ocorrer infeções ou alterações associadas ao desenvolvimento de surdez no bebé. É o caso da rubéola, da toxoplasmose, da sífilis, da infeção por citomegalovirus ou pelo vírus herpes simplex.

Surdez neurossensorial adquirida

No parto e no período peri-parto imediato podem ocorrer complicações que podem originar surdez no recém-nascido. São exemplos a asfixia neonatal, a prematuridade, a necessidade de fármacos ototóxicos, a hiperbilirrubinemia com kernicterus, entre outros.

A meningite, a encefalite, o sarampo, a papeira, são exemplos de doenças infeciosas que podem originar surdez neurossensorial adquirida.

Há também diversas síndromes que dentro das suas manifestações também cursam com surdez. São exemplos de síndromes genéticas como as de Down, Usher, Treacher Collins, Crouzon, Alport, entre outras.

Dependendo da sua gravidade, a surdez neurossensorial poderá implicar reabilitação auditiva com prótese auditiva ou em casos de surdez profunda, colocação de implante coclear.

Quando recorrer a um médico otorrinolaringologista

Qualquer criança com suspeita de surdez, deverá ser referenciada com a maior brevidade a uma consulta de otorrinolaringologia ou de surdez infantil.

Exames auxiliares de diagnóstico como a audiometria infantil, o timpanograma ou a impedanciometria, as otoemissões acústicas, os potenciais evocados auditivos do tronco cerebral e os exames imagiológicos poderão ser pedidos pelo médico otorrinolaringologista, tendo em conta a faixa etária da criança, para o diagnóstico de surdez.

Quando mais precoce for o diagnóstico, mais rápida será a intervenção médica e/ou cirúrgica de modo a diminuir as consequências futuras para criança.

Consulte o artigo “Surdez infantil” no site Hospital da Luz.

Hospital da Luz
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