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Os diferentes tipos de parto

Os diferentes tipos de parto

Conheça os vários tipos de parto e as implicações de cada um para a mãe e o bebé, com a ajuda de uma Médica Especialista em Ginecologia-Obstetrícia.

Atualizado a 17/05/2023
8 MINUTOS DE LEITURA

A maioria das grávidas tem receio em relação ao parto, sentimentos estes que são normais e compreensíveis. A Dr.ª Sandra Seco, Médica Especialista em Ginecologia-Obstetrícia no Centro Hospitalar e Universitário São João, esclarece as suas dúvidas sobre os vários tipos de parto para que possa desfrutar de uma gravidez informada e tranquila.

Quando e como se inicia o trabalho de parto

Numa gravidez que decorre normalmente, é frequente o trabalho de parto iniciar-se  espontaneamente entre as 37 e as 41 semanas. A partir daí, e porque o prolongamento da gravidez aumenta os riscos para o bebé, geralmente, é proposta indução. 

A maioria das grávidas imagina como será o seu parto, e como gostaria que acontecesse esse momento tão especial. As consultas da gravidez são o momento ideal para conversar com o seu médico ou enfermeiro, de forma a esclarecer as suas dúvidas ou expor os seus receios. Esses profissionais vão dar-lhe informação sobre o que esperar, ajudando a diminuir a ansiedade associada ao momento.

É importante ter em conta que, por muito planeado e idealizado que tenha sido podem ocorrer situações imprevistas, que impliquem alterar esse plano, de forma a assegurar a segurança da mãe e do bebé. Ter consciência desta possibilidade ajuda o casal a ter uma experiência mais positiva acerca do parto, principalmente, quando este não ocorre exatamente como tinham idealizado.

 

Parto espontâneo vs. induzido

A maioria das grávidas entra espontaneamente em trabalho de parto, ou seja, tem um parto espontâneo. Quando isto não acontece, é proposta à grávida a indução do trabalho de parto.

Na maioria das gravidezes de baixo risco, a indução é proposta durante a 41.ª semana de gravidez, pois, a partir dessa altura, aumenta progressivamente o risco de complicações para o bebé.

Em alguns casos específicos, relacionados com doenças prévias da mãe ou complicações que surgem durante a gravidez, pode ser necessário induzir o trabalho de parto antes das 41 semanas (por vezes, até antes das 37 semanas).

Antes de proceder à indução do trabalho de parto, o médico avalia a situação e decide juntamente com a grávida qual o melhor método. A escolha do método vai depender de vários fatores, como o bem-estar fetal, as condições do colo da grávida (avaliado pelo toque vaginal), haver ou não rotura de bolsa de águas, entre outros.

Se as condições do colo da grávida forem “favoráveis”, pode fazer-se indução com ocitocina, um medicamento colocado no soro, e administrado por via endovenosa, que vai provocar contrações, desencadeando o trabalho de parto. Se as condições do colo não forem ainda “favoráveis, é necessário fazer maturação cervical antes da indução, de forma a torná-las mais “favoráveis”.

Existem vários métodos possíveis para o fazer, com outro tipo de medicação (por via oral ou vaginal) ou mesmo com um dispositivo do tipo algália colocado no colo do útero.  A necessidade de fazer maturação cervical previamente à indução torna o processo mais demorado e, portanto, aumenta o tempo que ocorre desde que a grávida é internada até ao nascimento do bebé. 

Pré-termo vs. a termo: qual a diferença?

O parto a termo é o parto que ocorre a partir das 37 semanas e o pré-termo, vulgarmente designado de parto prematuro, ocorre antes das 37 semanas. Este último está associado a um maior risco de desenvolvimento de complicações nos primeiros tempos de vida do bebé (como problemas respiratórios, intestinais, infeções, hemorragia cerebral, entre outras). A probabilidade destas complicações é tanto maior quanto mais precocemente ocorrer o parto.

Atualmente, o parto pré-termo representa cerca de 8% dos partos em Portugal. Está associado a alguns fatores de risco, sendo a ocorrência de um parto numa gravidez anterior, o fator de risco mais importante. Estas são algumas situações que podem aumentar o risco de ocorrência de parto pré-termo (ainda que a sua existência não signifique que vá ter necessariamente um parto prematuro):

  • Parto pré-termo numa gravidez anterior
  • Malformações uterinas
  • Raça negra
  • Antecedentes de vários procedimentos que impliquem a dilatação do colo (como esvaziamentos uterinos após abortamento ou cirurgia para remover miomas ou pólipos uterinos)
  • Fibromiomas de grandes dimensões
  • Consumo de tabaco e drogas
  • Menos de seis meses de intervalo entre gravidezes
  • Gravidez na adolescência ou com idade avançada
  • Mulheres com muito baixo peso (índice de massa corporal < 19 kg/m2)
  • Atividade laboral extenuante, com mais de 80 horas de trabalho por semana ou mais de oito horas seguidas por dia, em pé
  • Alguns tipos de infeção vaginal
  • Infeções do trato urinário

O conhecimento sobre estes e outros fatores de risco não é suficiente para a prevenção do parto pré-termo, uma vez que, em 70% dos casos, este ocorre em mulheres sem fatores de risco conhecidos. Assim, é feito a todas as grávidas, o rastreio de parto pré-termo, através da medição do colo do útero, entre as 20 e 24 semanas. Essa medição é feita em simultâneo com a ecografia de rotina do segundo trimestre (ecografia morfológica). As grávidas com um colo do útero curto têm maior risco de ter um parto prematuro, pelo que são medicadas com progesterona (por via vaginal) ao longo da gravidez e são acompanhadas em consulta especializada, com o objetivo de diminuir esse risco.

 

Parto vaginal vs. cesariana

A maioria das grávidas têm várias preocupações e receios em relação ao parto: têm medo da dor, de não serem capazes de fazer força suficiente para o bebé nascer ou de que haja alguma complicação com o bebé. Estes sentimentos são normais e compreensíveis, mas podem ser minimizados se a grávida tiver conhecimento sobre o processo (assistindo a aulas de preparação e conversando com os profissionais de saúde que acompanham a sua gravidez).

Em relação ao tipo, é importante ter presente a ideia de que, em geral, o corpo da mulher está biologicamente preparado para o parto vaginal. Atualmente, existem condições que permitem que possa ser vivido com mais tranquilidade. A possibilidade de realizar analgesia epidural para alívio da dor, bem como a possibilidade da presença de um acompanhante escolhido pela mulher durante todo o processo, contribuem para uma experiência menos stressante. 

Por outro lado, o parto por cesariana, é uma opção menos natural, uma vez que implica uma cirurgia na barriga da mãe. No entanto, existem algumas situações particulares, relacionadas com a própria gravidez, que fazem com que seja mais seguro para a mãe, para o bebé ou para ambos, esta opção. A cesariana é considerada, em geral, uma cirurgia segura, uma vez que a maioria das mulheres grávidas são saudáveis e têm uma boa capacidade de recuperação. Contudo, tem riscos, como qualquer outra cirurgia, tal como a hemorragia e infeção da ferida operatória. Em relação ao parto vaginal, a recuperação pode ser também mais lenta e dolorosa.

Para a mãe e para o bebé, ambos os procedimentos são seguros, desde que realizados com o acompanhamento de profissionais especializados, em ambiente hospitalar, onde a mãe e o bebé têm acesso aos melhores cuidados, a todo o momento.

 

Este artigo é um complemento ao vídeo Os tipos de parto da rubrica Especialista Responde no canal Youtube do Pingo Doce. Em parceria com os melhores especialistas, esclarecemos as dúvidas mais frequentes dos novos pais, como O choro do bebéCuidados a ter no pós-parto.

Centro Hospitalar Universitário de São João
Centro Hospitalar Universitário de São João
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