A Cardiologia Pediátrica é uma especialidade médica que se dedica à prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças cardíacas desde a vida fetal (durante a gestação) até ao início da idade adulta (18 anos).
O que distingue as principais doenças cardíacas?
- Nos adultos: As doenças cardíacas, também chamadas cardiopatias, devem-se, sobretudo, ao “desgaste” normal ao longo da vida e à exposição a fatores de risco. Assim, são doenças adquiridas.
- Nas crianças: A maioria das doenças cardíacas resulta de anomalias no desenvolvimento do coração durante a vida fetal, sendo, portanto, cardiopatias ou malformações congénitas.
Estima-se que, em cada 1.000 crianças nascidas, 8 tenham uma cardiopatia congénita. Destas, cerca de metade necessitará de algum tratamento invasivo (cirurgia ou cateterismo cardíaco terapêutico) ao longo da vida. Há muitas cardiopatias congénitas, como:
- Coartação da aorta;
- Comunicação interauricular;
- Persistência do canal arterial;
- Tetralogia de Fallot;
- Miocardiopatias.
Além dos problemas congénitos, o coração pediátrico também pode ser alvo de múltiplas doenças adquiridas que atingem os diferentes componentes cardíacos, por exemplo:
- As válvulas (febre reumática, endocardite);
- O miocárdio ou músculo cardíaco (miocardite);
- O pericárdio (pericardite);
- As artérias coronárias (síndrome de Kawasaki) e grandes vasos.
Tanto nas doenças cardíacas congénitas como nas adquiridas, o diagnóstico precoce e um acompanhamento regular são a chave para poder fazer um tratamento adequado. E esta é a função dos cardiologistas pediátricos.
Quais os motivos da referenciação para Cardiologia Pediátrica?
Durante a gravidez: A intervenção da Cardiologia Pediátrica pode ser necessária nesta fase e começa com o ecocardiograma fetal, que permite uma avaliação completa do coração fetal. Esta intervenção acontece geralmente por recomendação do obstetra que segue a grávida. Entre as indicações que a justificam salientam-se:
- Dificuldade ou dúvidas na avaliação cardíaca fetal durante os exames de rotina da gravidez;
- Gestação conseguida por técnicas de procriação medicamente assistida;
- Fatores de risco maternos, como doenças autoimunes e diabetes;
- Fatores de risco fetais, por exemplo marcadores de risco para trissomias, gestações gemelares.
Após o nascimento: A avaliação pela Cardiologia Pediátrica pode ser solicitada pelo pediatra ou outro médico assistente. Os motivos desta referenciação são diversos e variáveis, de acordo com a idade da criança. São exemplos:
- Sopro cardíaco;
- Dificuldade respiratória;
- Cianose;
- Suspeita de arritmia (deteção de palpitações, noção de batimentos cardíacos muito rápidos ou lentos);
- Dor torácica;
- Desmaios;
- Cansaço fácil;
- Hipertensão arterial;
- Antecedentes familiares de cardiopatia;
- Suspeita de doença sistémica.
Em contexto desportivo: Outra indicação frequente é a avaliação por prática desportiva intensa ou de competição. Apesar das suas particularidades, a Cardiologia Pediátrica recorre às mesmas ferramentas de diagnóstico que a cardiologia de adultos, entre as quais:
- Eletrocardiograma para avaliação do componente elétrico cardíaco;
- Ecocardiograma com Doppler para avaliação da anatomia cardíaca;
- Holter de 24 horas, que faz um registo da atividade elétrica cardíaca durante 24 horas;
- Prova de esforço, na qual se analisa a atividade elétrica do coração antes, durante e após a realização de um esforço físico, até um máximo padronizado para a faixa etária;
- Monitorização ambulatória da pressão arterial (MAPA), que estuda as variações da pressão arterial durante 24 horas.
É importante relembrar que o coração de criança não é uma miniatura de um coração adulto. A observação por Cardiologia Pediátrica é recomendada quando necessária.
Saiba mais sobre “Quando é preciso um cardiologista pediátrico” no site Hospital da Luz.