A cesariana é um parto cirúrgico onde é realizada uma incisão na parede abdominal e no útero, permitindo o nascimento do bebé. Esta pode ser de urgência, quando é necessária a intervenção por alguma complicação ou fator de risco na mãe ou bebé, ou eletiva, quando agendada por opção. O risco de sofrer complicações é superior a um parto vaginal e a sua recuperação poderá ser mais demorada, por ser uma intervenção cirúrgica. É aqui que surgem as primeiras dúvidas relativas à prática de atividade física.
Depois da cesariana: o que fazer?
As recomendações para o exercício pós-parto são generalizadas para os vários tipos de parto. As principais diferenças que se encontram entre o parto normal e a cesariana estão essencialmente relacionados com o parecer médico, o tempo necessário para iniciar o exercício físico e os cuidados a ter com a cicatrização.
Idealmente, após qualquer tipo de parto, deveria ser realizada uma consulta com o obstetra e com um fisioterapeuta especializado na saúde da mulher. O obstetra deverá dar o seu parecer para a prática de atividade física, sendo essencial quando há algum tipo de complicação no puerperium. O fisioterapeuta irá avaliar a funcionalidade do pavimento pélvico e tecidos envolventes, estando mais suscetíveis a alguns fatores de risco após a gravidez, assim como a recuperação da diástase abdominal, alterada pelo aumento do volume abdominal com o desenvolvimento do bebé.
Nos partos por cesariana é também avaliado o processo de cicatrização e sensibilidade dos tecidos em regeneração. Quando falamos do (re)início da prática de atividade física, é necessário que este seja feito de forma gradual e progressiva, independentemente do tipo de parto. No entanto, devido às sete camadas de tecido que se encontram em regeneração após a cesariana, o período recomendado pelo Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG, 2002) é de seis a oito semanas após o nascimento, de acordo com cada situação.
Na cesariana, a cicatriz acaba por ser o principal foco de atenção. Nestas primeiras semanas de pós-parto, é importante dar algum suporte à mesma em alguns movimentos como a espirrar ou tossir e evitar sobrecarregá-la, sendo que é desaconselhado pegar em pesos, como é o caso do ovinho do bebé; não deve sentir repuxar nem dor nessa região.
Por onde começar?
Existem exercícios que pode realizar antes deste período que podem promover a recuperação e cicatrização através da mobilidade dos tecidos, ativação muscular e reorganização dos órgãos. Estes exercícios têm como base a Respiração Consciente:
- Inspire, expandindo as costelas para fora e para trás como se as quisesse afastar.
- Expire lentamente, aproximando as costelas do centro e esvaziando o abdominal permitindo ativar os músculos mais profundos do abdominal.
Daqui, progredimos para uma respiração abdominal, simulando que a barriga é um balão, ao inspirar insuflamos o balão e ao expirar deixamos o balão esvaziar lentamente.
Quando se sentir preparada, inicie algumas caminhadas de forma a dar algum movimento ao seu corpo, contrariar as posições e tempo que passa a dar colo, embalar, amamentar, e só depois das seis semanas iniciar a prática de exercício físico, idealmente com a ajuda de um fisiologista do exercício.
Não esquecer que, independentemente do tipo de parto, o seu bebé esteve cerca de nove meses a desenvolver-se e a ser carregado por si. Cuidar de toda a estrutura que o suportou é essencial para a saúde da mãe. Cuide de si!
