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Gatos e crianças: construir uma relação saudável

Gatos e crianças: construir uma relação saudável

Gatos e crianças podem conviver bem, mas têm características que têm de ser respeitadas para que tudo corra da melhor maneira.

Atualizado a 22/12/2023
8 MINUTOS DE LEITURA
Gatos e crianças: construir uma relação saudável

Se há espécie que tem visto a sua presença aumentar nos lares portugueses, especialmente nas zonas urbanas, são os gatos.

Na realidade, os gatos são uma excelente companhia e adaptam-se muito bem a viver num apartamento. Além disso…

  • Não obrigam a saídas frequentes para passeios;
  • Têm uma longevidade apreciável, em média superior à dos cães;
  • Têm, em geral, uma manutenção mais económica do que a dos cães;
  • Ficam facilmente em casa sozinhos sem incomodarem ninguém;
  • Não precisam de tanto tempo como os cães para serem educados e treinados.

Educar e treinar gatos é respeitar e tirar partido das características e limitações da espécie e adaptá-las à vida doméstica. Por exemplo, os gatos:

  • São animais de hábitos para o local dos dejetos: devem por isso ter um caixote próprio, sempre no mesmo local da casa, e esse passará a sua casa de banho;
  • Precisam de arranhar para desgastar as unhas: devem ter um poste ou uma superfície própria para o efeito e assim não usarão o sofá ou outros locais inconvenientes;
  • Gostam de observar do alto o que se passa à sua volta: se não houver móveis altos em casa, ou se não se quiser que os gatos os usem, então há que providenciar um local onde o gato possa satisfazer esta necessidade.

E a personalidade dos gatos?

Os gatos têm traços de personalidade próprios e marcados que têm de ser conhecidos e respeitados:

  • São, habitualmente, muito independentes;
  • Têm uma boa dose de autoconfiança;
  • São dominadores do seu território e de quem nele vive;
  • Em regra, não se importam nada de obedecer a ordens, mas fazem-no porque querem e não para agradar a ninguém.

Mesmo assim, são muito bons companheiros e os gatos e crianças têm frequentemente relações especiais, diferentes até das que têm com os adultos da mesma família.

E uma boa relação com um gato promove o respeito, a empatia e responsabilidade, desde que a personalidade e gostos do gato sejam considerados.

Como escolher um gato

Se há crianças em casa e se quer ter também um gato, há alguns critérios que podem ajudar, por exemplo, preferir gatos que:

  • Sejam calmos e não fiquem inquietos com ruídos ou mudanças no ambiente doméstico;
  • Gostem de ser acarinhados e andar ao colo;
  • Sejam amigáveis e curiosos.

A idade do gato é um fator muito importante quando há crianças:

  • É sempre preferível escolher um gato mais velho, calmo e tolerante. E se este tiver tido uma boa experiência anterior com crianças, melhor ainda;
  • Optar por um gatinho implica ter tempo para a sua educação e treino. Além disso, as crianças são ruidosas, podem querer brincar com o gatinho como se fosse um brinquedo e ele pode não gostar e reagir com agressividade por ter medo.

Apresentar e habituar um gato a uma criança

A apresentação e habituação de gatos e crianças à presença um do outro é o primeiro passo de uma boa relação.

  • Para segurança de todos, é imprescindível a supervisão de todas as interações entre crianças e gatos (ou outras espécies de animais de companhia).

Nas interações iniciais, é necessário deixar o gato cheirar a criança, para que ele memorize o cheiro e se habitue à presença:

  • Salvaguardando a segurança da criança, deve deixar-se que o gato tome a iniciativa de se aproximar, e nunca forçar a aproximação.
  • Nas oportunidades de interação, o gato deve ter sempre possibilidade de fugir e de se esconder, caso se sinta nervoso ou desconfortável.
  • Estas interações especialmente cuidadosas devem ser repetidas regularmente para manter a harmonia entre os dois.

A saber também que, em geral, os gatos:

  • Têm medo de sons e ruídos altos;
  • Não gostam de ser agarrados e pegados ao colo repentinamente;
  • Não gostam que se corra atrás deles;
  • Quando permitem que lhe façam festas, esta devem ser feitas sempre de forma calma e suave e não abranger as áreas que os gatos não gostam, como são:
    • A zona do abdómen (barriga);
    • A cabeça;
    • Eventualmente a cauda.
  • Não se deve interagir com os gatos quando estes estão:
    • A comer ou beber;
    • Dormir;
    • Usar o caixote.

Gatos e crianças: brinquedos e brincar

Os brinquedos para os gatos não precisam de ser caros, podem ser feitos em casa e com diversos materiais usados e reciclados: bolas, caixas de papelão onde se conseguem esconder, superfícies que possam arranhar (arranhadores) servem perfeitamente o objetivo.

Brincadeiras que os gatos gostam são aquelas que estão associadas ao seu comportamento de caçadores e à sua curiosidade:

  • Correr atrás de objetos em movimento, podendo ou não agarrá-los;
  • Canas com brinquedos ou fitas penduradas, tudo o que possam perseguir e eventualmente agarrar;
  • Brincadeiras que os façam trepar para locais altos de ondem podem observar o que se passa à sua volta.

Uma boa forma de melhorar a interação de gatos e crianças, é ensinar aos mais pequenos, quando a idade permite, a tratar do animal, envolvendo-os em tarefas que promovem uma maior ligação entre os dois, como alimentar ou pentear.

A linguagem corporal dos gatos

Distinguir quando é que um gato está com vontade de brincar, quer estar ao colo, ou tem medo e nem se quer aproximar são aspetos que têm de ser ensinados à medida que as crianças crescem e começam a entender.

São alguns sinais de que o gato está farto de estar ao colo e quer afastar-se quando:

  • Começa a contorcer-se e a querer escapar;
  • Se assanha, geme, rosna ou mia alto;
  • Vira as orelhas para trás e o pelo parece aumentar de volume;
  • Põe as garras de fora;
  • Dilata as pupilas;
  • Abana a ponta ou toda a cauda.

São sinais de boa reação de um gato a uma criança:

  • O animal come, bebe, dorme e mantém a sua atividade diária normal;
  • Continua relaxado e confortável se a criança está presente.

Sempre que um gato pareça relutante em entrar no local onde está a criança, não querer estar na sua presença, se esconda, pareça agressivo, estes sinais devem ser entendidos como de infelicidade e levar a que se mantenham estratégias para promover uma boa relação ou se encontrem alternativas.

São sinais de alarme perante os quais o gato não deve ser incomodado com interação:

  • Cauda a abanar;
  • Pelo eriçado;
  • Assanhar;
  • Pupilas dilatadas;
  • Orelhas viradas para trás ou para o lado;
  • Lamber o nariz;
  • Torcer a ponta da cauda;
  • Lamber rápido de alguma parte do corpo;
  • Evitar o olhar.

Nestas alturas, deve ser dado espaço ao gato. Assim, não aumentará o stress e promove-se um futuro mais seguro para a relação.

Consulte o artigo Crianças e gatos: construir uma relação saudável no site Hospital da Luz.

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