É comum que durante a gravidez o foco de atenção se centre na mulher e, após o nascimento, passe para o bebé. E o pai? Qual o seu papel? Ainda que o homem não possa experienciar as alterações fisiológicas decorrentes da gravidez, a nível emocional pode sentir-se semelhante à mulher.
O pai durante a gravidez
Desde cedo, com o planeamento ou a notícia da gravidez, o homem pode vivenciar um misto de sentimentos. Nesta altura, depara-se com alterações que o fazem reformular a sua identidade e o incitam na construção de um novo papel: o de pai. É natural que também ele vá criando expetativas relativamente à gravidez, ao bebé e ao estilo de vida que terá após o nascimento. Por isso, é normal que se sinta perdido neste intenso processo de incertezas. Assim, apesar de o seu apoio ser fundamental, também ele deve ser apoiado.
É importante a existência de uma relação conjugal de solidariedade, compreensão e entreajuda, que beneficia não só a própria relação, como contribui para o bem-estar individual dos membros e para a qualidade da sua relação com o filho.
Neste sentido, não só a relação conjugal é determinante na adaptação à parentalidade, como as próprias mudanças implicadas nesta transição acabam por se refletir na qualidade da relação dos cônjuges. É essencial preservar os momentos íntimos e românticos a dois e manter uma comunicação eficaz e compreensiva.
O papel do pai depois do nascimento
Após o nascimento, o papel do pai também não é fácil. Nesta altura, ele tenta apoiar a mãe ao mesmo tempo que procurar estabelecer uma relação com o bebé. Sendo o pai uma referência na vida do filho, a promoção da interação entre ambos e o seu envolvimento nos cuidados primários contribuem para o pleno desempenho da paternidade e para o estabelecimento do vínculo afetivo essencial ao futuro da criança.
É através do contacto direto com o bebé que este vínculo se desenvolve. Essa ligação pode acontecer em momentos como dar colo, dar banho ou mudar a fralda. Ou seja, a participação do pai é muito importante em todas as fases desta nova dinâmica familiar.
Alguns pais têm receio em cuidado do bebé, pela sua fragilidade, mas isto não deve ser confundido com falta de vontade. O casal deve falar sobre esse receio e os recursos (internos ou externos) para o processar e superar.
Existem também algumas mães que, de forma inconsciente, não envolvem mais os pais por sentirem que são as melhores cuidadoras para os seus filhos. No entanto, é importante que ambos saibam que não existe uma única forma de cuidar e que a prática contribui para a redução de eventuais medos e aumento da confiança no desempenho dos seus papéis. Aliás, o envolvimento e apoio do pai constitui um fator protetor da depressão pós-parto na mulher. Essa ajuda a diminuir o stress e aumenta a confiança por sentir que tem um companheiro disponível.
Um novo olhar sobre o papel do pai
Tem-se assistido a uma redefinição do olhar da sociedade sobre o pai, incluindo o seu papel na gravidez e pós-parto. Atualmente, compreende-se que o pai não tem só uma função de prestar apoio à mãe, contribuir financeiramente para o sustento familiar ou estabelecer regras, mas que pode ser presente, sensível e ativo nos processos da família, contribuindo preponderantemente para o desenvolvimento dos seus filhos.