Causas para a falta de atenção às crianças
Na maioria das famílias, a atividade laboral de ambos os pais condiciona o tempo disponível para dar atenção aos filhos. Ao mesmo tempo, os períodos letivos prolongados, a generalização dos trabalhos de casa e a frequência das atividades extracurriculares também contribuem para que a família veja o seu tempo livre limitado.
O impacto da falta de atenção
Uma criança que sente que os pais não lhe dão a atenção de que precisa vai achar que estes não se interessam por ela ou pelos seus interesses, e que isto acontece porque não é suficientemente boa para merecer essa atenção. Isto gera sentimentos de menos-valia e baixa autoestima.
Dependendo do grau de privação de atenção a que a criança é sujeita, esta também pode manifestar:
- Tristeza, apatia e tendência para isolamento
- Agressividade dirigida a pessoas de referência e dificuldades em relacionamentos interpessoais em geral
- Ausência de referências e valores fundamentais a um desenvolvimento neurológico saudável, que passam a ser procurados noutros ambientes
- Ausência de capacidade crítica e maior desenvolvimento de comportamentos de risco
- Dificuldades cognitivas e de aprendizagem
- Procura precoce de relações amorosas, no caso de adolescentes
- A longo prazo, menor nível académico, menor sucesso laboral e um maior risco de disfunção familiar na vida adulta
Os sinais que demonstram falta de atenção
Existem diversas manifestações desta situação que vão depender da idade da criança. Nos mais pequenos, birras excessivas e desadequadas à idade, bem como agressividade, constituem frequentemente formas de chamada de atenção aos pais.
O isolamento, pouca curiosidade e escassa interação com o meio, bem como alterações do sono e do comportamento alimentar habitual, também devem ser motivo de alerta para os pais. Outros sinais de que a criança sente a falta de atenção dos pais são a sensação de insegurança, como querer dormir com eles e não querer separar-se, e o desenvolvimento de medos excessivos.
Em crianças mais velhas e adolescentes, além destes sintomas, os pais devem prestar atenção a uma dependência exagerada das redes sociais, à diminuição do rendimento académico e ao desenvolvimento de comportamentos de risco.
O que os pais podem fazer
A estratégia de atuação vai depender das circunstâncias. Contudo, podemos destacar as seguintes abordagens:
- Deve disponibilizar tempo à criança, em exclusivo, e envolvê-la na definição de estratégias para minorar o problema.
- Em crianças mais novas, pode pedir-lhes ajuda na execução de pequenas tarefas domésticas que precisam de ser realizadas.
- As refeições em família devem ser privilegiadas, sem ecrãs, proporcionando um momento de interação com a criança.
- O momento antes de dormir também deve ser especial, e neste âmbito a leitura em conjunto de uma história ou de um livro é muitíssimo útil.
- Há que brincar com a criança: ouvi-la, colocar-lhe questões sobre os seus interesses, sobre os seus amigos, realizar atividades em conjunto, rebolar no chão.
- Ouvir a criança ou adolescente, conversar com ele(a) fá-lo(a) sentir-se importante, sentir que é compreendido(a) e sentir-se seguro(a). Este hábito mantém um canal de comunicação aberto a longo prazo, e é fundamental para um desenvolvimento neurológico saudável.
Em situações mais graves, a família poderá não ser capaz de, por si só, encontrar e implementar estratégias para a resolução da problemática, sendo importante procurar ajuda. O pediatra e o médico de família poderão orientá-los para os recursos disponíveis que melhor se adequem à situação, que poderão incluir o pediatra de neurodesenvolvimento, o psicólogo, o pedopsiquiatra, o psiquiatra e/ou uma terapia familiar.
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