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A importância dos suplementos na gravidez

A importância dos suplementos na gravidez

Ácido fólico, ferro e iodo são os suplementos na gravidez recomendados. Mas porque são tão importantes?

Atualizado a 19/06/2024
5 MINUTOS DE LEITURA
A importância dos suplementos na gravidez

Durante a gestação, ocorrem alterações metabólicas e fisiológicas, de forma a assegurar o crescimento e desenvolvimento do feto, verificando-se um aumento das necessidades nutricionais. Uma alimentação equilibrada, variada e completa tem sido reconhecida como uma condição essencial para uma gravidez saudável. Ainda assim, para resolver as necessidades acrescidas, a Direção-Geral de Saúde (DGS) recomenda que o ácido fólico, o ferro e o iodo sejam prescritos como suplementos na gravidez.

A sua necessidade deve ser avaliada e prescrita pelo médico responsável pelo acompanhamento da mulher grávida. Mas por que razão é tão importante suplementar a mulher grávida com estes três?

Ácido Fólico

Tratando-se de um dos recomendados suplementos na gravidez, o ácido fólico, também conhecido por vitamina B9, é muito importante para a produção de ADN, neurotransmissores e metabolismo dos aminoácidos.

Ainda que, durante a gravidez, a absorção do ácido fólico no intestino continue aos níveis normais, com o crescimento da placenta, as exigências do feto, o aumento do útero e do volume do sangue, bem como as perdas que ocorrem nos rins, as suas necessidades aumentam.

Uma vez que o organismo não consegue produzir esta vitamina, o ácido fólico deve ser obtido através de alimentos, como cereais integrais (pão integral, massa e arroz integrais), leguminosas (ervilhas, feijão, grão-de-bico, favas), além de frutos e hortícolas de folha verde-escura (espinafres, brócolos, couves). Porém, há perdas de ácido fólico durante o armazenamento e a confeção dos alimentos.

Durante a gravidez, níveis reduzidos desta vitamina estão associados a alguns riscos. São eles:

  • Aborto espontâneo;
  • Baixo peso ao nascer;
  • Parto prematuro;
  • Aumento do risco de malformações no tubo neural.

Por isso, a DGS recomenda a toma de um suplemento de 400 µg por dia, dois meses antes da data de interrupção do método contracetivo e durante as primeiras 12 semanas de gestação. Em algumas situações, pode ser necessária uma dose maior de 5 mg por dia, nomeadamente nas mulheres grávidas com história familiar ou com filho anterior com defeito do tubo neural.

Ferro

O ferro desempenha funções importantes, particularmente na produção dos glóbulos vermelhos, essencial no transporte de oxigénio e nutrientes, no metabolismo energético e no desenvolvimento do sistema nervoso do feto.

Este mineral está presente nos alimentos sob duas formas:

  • O ferro heme, que se encontra principalmente nos alimentos de origem animal (carne, pescado, marisco, ovo);
  • O ferro não-heme, que está presente nos alimentos de origem vegetal, como os cereais, os hortícolas, os frutos oleaginosos, as sementes e as leguminosas.

A disponibilidade deste mineral é maior nos alimentos com ferro heme.

Vários fatores afetam negativamente a absorção de ferro, em particular do ferro não-heme, nomeadamente, os fitatos (presentes nos cereais integrais e nas leguminosas), os compostos fenólicos (presentes no chá, cacau e café) e o cálcio (presente nos laticínios, na sardinha e nas amêndoas). Por outro lado, a sua absorção pode ser favorecida pelo consumo de vitamina C (presente no kiwi, na laranja, no pimento, na couve roxa).

O défice de ferro tem sido associado a alguns riscos. Por exemplo:

  • Aumento do risco de parto prematuro:
  • Baixo peso ao nascer;
  • Perturbações no neurodesenvolvimento fetal;
  • Anemia materna.

Por isso, para dar resposta às necessidades acrescidas, a DGS recomenda a toma de 30-60 mg de ferro elementar por dia a partir do segundo trimestre de gestação, já que este faz parte da lista recomendada de suplementos na gravidez.

Iodo

Essencial para a síntese das hormonas tiroideias, as necessidades de iodo são maiores durante a gravidez — para manter o normal metabolismo da mulher e devido à transferência para o feto, uma vez que este só consegue sintetizar as hormonas tiroideias, de forma significativa, a partir da vigésima semana de gestação.

A fonte natural de iodo são os alimentos, em particular, o sal iodado, o pescado, as algas, os produtos lácteos e os ovos.

O seu défice está associado a riscos como:

  • O hipotiroidismo neonatal;
  • Malformações congénita;
  • Comprometimento do desenvolvimento neurocognitivo.

A DGS recomenda a suplementação com iodo na forma de iodeto de potássio (150-200 µg por dia), na preconceção, gravidez e no período de aleitamento materno exclusivo, com exceção das mulheres com patologia da tiróide, em que a suplementação deve ser feita apenas sob supervisão médica.

Por isso, a adoção de uma alimentação equilibrada, variada e completa, em paralelo com a toma da suplementação necessária e adequada a cada mulher, antes, durante e depois da gravidez, torna-se fundamental para garantir um desenvolvimento e crescimento saudável do feto, assim como para a saúde e o bem-estar da mãe.

Autoras: Joana C. Oliveira (nutricionista) e Maria Ana Kadosh (médica)

Centro de Nutrição Avançada da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
Centro de Nutrição Avançada da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
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