A definição atual de infertilidade é diferente da clássica abordagem da OMS, que a descrevia como a incapacidade de alcançar uma gravidez após 12 meses de relações sexuais regulares sem proteção.
Agora, a infertilidade é vista como uma limitação da capacidade reprodutiva, individual ou do casal. O diagnóstico não precisa de ser clínico, podendo ser reconhecido através do défice reprodutivo.
Qual é a realidade da infertilidade em Portugal?
Em Portugal, a infertilidade afeta 15% da população em idade reprodutiva, o que corresponde a cerca de 300 mil casais, um aumento em relação a 2009, em que um estudo do AFRODITE apontava para 9-10% da população.
Em 2020, durante a pandemia, as técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA) contribuíram para o nascimento de 2797 crianças, representando 3,3% dos nascimentos no país. No entanto, os índices demográficos permanecem abaixo dos níveis necessários para a renovação geracional.
É possível diminuir o risco de infertilidade durante a adolescência?
Há alguns métodos preventivos que podem ser aplicados e que devem começar, precisamente, na adolescência, por ser um período crucial de definição da fertilidade futura, tanto das mulheres como dos homens.
Para as raparigas, é recomendada a primeira consulta de ginecologia entre os 15 e 16 anos, onde são oferecidos conselhos essenciais para preservar a fertilidade. Já os rapazes podem obter orientações em consultas pediátricas até os 18 anos.
Nesta fase, é fundamental informar sobre o impacto do peso, dieta, exercício e hábitos no potencial reprodutivo, além de destacar a importância do preservativo para prevenir infeções sexualmente transmissíveis que podem comprometer a fertilidade.
Quando se deve fazer o diagnóstico da infertilidade?
A investigação imediata é indicada se houver suspeitas de fatores que possam afetar a fertilidade feminina ou masculina.
No entanto, as mulheres devem fazer o diagnóstico da infertilidade a partir dos 35 anos. Após esta idade e com 6 meses de tentativas de gravidez, é recomendado procurar ajuda médica. Acima dos 40 anos, a avaliação deve ser ainda mais precoce.
Há condições de saúde que podem comprometer a fertilidade?
Sim, tratamentos como quimioterapia ou radioterapia, por exemplo, além de patologias ou condições como a endometriose, podem interferir com a fertilidade.
A disfunção sexual também afeta os casais de forma negativa, e o adiamento da maternidade reduz tanto as chances de conceção, quanto a saúde da gravidez.
Que outros fatores podem ter este impacto negativo na fertilidade?
Existem vários fatores, dos quais se destacam:
- Stress;
- Alterações do peso;
- Excesso de exercício físico;
- Consumo de álcool, tabaco, drogas e café;
- Diminuição das horas de sono de qualidade;
- Exposição a poluentes;
- Nos homens, a exposição dos genitais a temperaturas elevadas.
Saiba mais sobre os hábitos que podem afetar a fertilidade, neste artigo.
É possível diminuir o risco de infertilidade?
Existem alguns comportamentos que podem ser feitos para diminuir este risco, tais como:
- Manter um peso saudável para o seu corpo;
- Seguir uma dieta saudável e equilibrada, como a Dieta Mediterrânica, que inclui frutas, vegetais, azeite, peixes e carnes;
- Praticar exercício físico moderado;
- Cessação tabágica e redução do consumo de álcool, drogas e café;
- 7 a 8 horas de sono de qualidade.
O que saber acerca dos tratamentos para a fertilidade?
Os tratamentos de fertilidade são personalizados conforme o fator de infertilidade e a idade, incluindo opções como:
- Indução da ovulação;
- Inseminação intrauterina;
- FIV;
- ICSI;
- Doação de gâmetas ou embriões.
Nas mulheres que não possam engravidar numa idade mais jovem, a preservação do potencial reprodutivo deve acontecer idealmente antes dos 35 anos.
Esta preservação envolve armazenar gâmetas (ovócitos ou espermatozoides) ou tecidos reprodutivos (ovocitários ou testiculares), mas não garante uma gravidez, servindo como reserva para técnicas de PMA.
Já o tecido ovárico, imaturo para uso imediato, precisa de ser transplantado na própria pessoa para amadurecimento, podendo dispensar a PMA posteriormente.
Em que situações se pode avançar com a preservação do potencial reprodutivo?
- Doenças graves ou oncológicas;
- Doenças genéticas, como o Sind Turner na mulher ou o Sind de Klinefelter no homem;
- Após uma cirurgia que impacte a capacidade reprodutiva;
- Antes de uma vasectomia;
- Mudança de sexo;
- Mulheres sem planos de engravidar no imediato.
Saiba mais sobre “medicina preventiva na fertilidade futura” no site Lusíadas Saúde.