Quando as crianças nascem, o sistema auditivo já está apto a ouvir todos os sons, mas, nesta altura, o cérebro ainda não sabe o que fazer com os sons que ouve. É ao longo dos primeiros anos de vida que o cérebro passa a entender tudo sobre os sons que escuta. Se isso não suceder, pode tratar-se de uma perturbação do processamento auditivo central.
O que é o processamento auditivo central?
É a capacidade que o nosso sistema auditivo tem em detetar, reconhecer, analisar e interpretar corretamente os sons que ouve. Desenvolve-se, logo nos primeiros anos, com as experiências que a criança vai tendo, através das conversas, das brincadeiras, das histórias e das músicas.
Quando há dificuldades na perceção de sons linguísticos e não linguísticos, com origem no sistema nervoso auditivo central, como dificuldades de discriminação auditiva, défice no reconhecimento de padrões sonoros e dificuldade na localização sonora, pode estar-se perante uma perturbação do processamento auditivo central.
Estas podem surgir nas crianças, mas também com o avançar da idade, associadas à perda de audição ou ao envelhecimento.
As causas mais frequentes são:
- Otites;
- Atraso na maturação das vias auditivas;
- Antecedentes familiares;
- Alterações neurológicas;
- Perda de audição;
- Prematuridade, baixo peso ao nascimento e permanência na incubadora;
- AVC e/ou traumatismo craniano.
Os sinais ou sintomas que se podem apresentar são:
- Dificuldade em ouvir num ambiente com barulho;
- Dificuldade em compreender mensagens orais;
- Pedir, com muita frequência a repetição da informação que ouve;
- Sentir dificuldades na leitura e/ou escrita;
- Trocas de sons na fala;
- Comportamento distraído/desatento;
- Aumentar o volume da televisão;
- Dificuldade em seguir instruções;
- Dificuldade em decorar informação;
- Dificuldade em compreender anedotas
- Baixa autoestima.
Como intervir: o treino auditivo
O treino auditivo tem como princípio a capacidade que o nosso cérebro tem em modificar-se quando é sujeito a uma forte estimulação. Realizam-se, por isso, exercícios auditivos adequados, que permitem a modificação das estruturas cerebrais, aumentando e fortalecendo as estruturas responsáveis pelas habilidades auditivas.
No caso das crianças, os familiares são peças fundamentais no plano de treino, já que a sua colaboração é muito importante para o desempenho das atividades diárias. Ao melhorar as habilidades auditivas, com o necessário favorecimento da compreensão da linguagem oral, haverá um impacto no desempenho escolar e na participação na vida social. As dificuldades, quando não tratadas, podem durar até à idade adulta.
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