Como promover a autoconfiança da criança?
Promover a autoconfiança é essencial desde o nascimento da criança, iniciando-se com a ligação estabelecida com a mãe. Esta ligação primária proporciona um laço afetivo e um padrão comportamental que permite à criança aprender e satisfazer as suas necessidades de contacto. A mãe tem uma função de proteção, mas qualquer pessoa que desempenhe a função de cuidador pode assumir um papel de vinculação no crescimento da criança, como por exemplo os avós, tios ou até professores. O papel de vinculação ocorre numa interação social e durável com a criança, para que esta reaja com facilidade aos seus sinais e aproximações.
Qualquer elemento que favoreça a proximidade proporciona à criança uma sensação de segurança, que remete para a crença de que uma figura de proteção e apoio estará acessível, independentemente da sua idade. Para que esta relação de confiança se desenvolva de forma equilibrada e saudável, o adulto deve assegurar qualidades como coerência, estabilidade e continuidade.
As causas para uma autoconfiança saudável
Um desenvolvimento emocional saudável começa com a relação com a mãe e traduz-se num bem-estar das crianças com elas próprias no ambiente que as rodeia. À medida que o desenvolvimento psicológico e físico progride, a criança alarga o seu interesse a outras figuras significativas na sua vida afetiva.
O desenvolvimento da criança, o seu equilíbrio psíquico e a organização da sua personalidade vão ser arquitetados, dependendo da qualidade da sua primeira relação com a mãe. Se a criança não tiver uma relação segura e de qualidade com a mãe ou com a figura cuidadora, pode vir a experienciar níveis elevados de angústia e de frustração. As crianças que não conseguem dar significado às suas frustrações podem desenvolver sintomas psicopatológicos como, por exemplo, uma depressão.
Apesar de todas as pessoas terem angústias, na sua maioria latentes, ao longo do desenvolvimento vão surgindo outras, como o medo de ser abandonado, o medo de perder figuras de referência e o sentimento de ameaça. Estes processos têm uma duração e uma manifestação sintomatológica que variam de criança para criança. Surgem no decorrer de um acontecimento com valor de perda ou luto e desenvolvem-se progressivamente, levando à modificação do comportamento da criança.
O impacto de uma autoconfiança baixa
As manifestações de uma autoconfiança baixa são semelhantes nos adultos e nas crianças, no entanto, diferem no que diz respeito à forma como reagem. Na idade adulta, podem surgir comportamentos agressivos, baixo rendimento profissional, baixa autoestima, sentimentos de culpa, alterações ao nível da alimentação e do sono, alcoolismo, toxicodependência, depressão, e podem existir ideias de morte ou suicídio. Quando estas condições se verificam, podemos prever alterações graves no plano da saúde mental e física. Na idade adulta, há uma transferência da relação com os pais para as relações amorosas.
A importância do papel dos pais
O desenvolvimento da autoconfiança tem uma vantagem seletiva, pois permite a proximidade de figuras adultas protetoras, eventualmente úteis na luta contra os perigos do meio. O bebé tem uma tendência inata para se vincular a um grupo estável de adultos, sendo que um desses adultos será a figura de vinculação privilegiada.
No bebé, certos comportamentos estão destinados a favorecer a proximidade, como o sorriso e a vocalização. O choro é um comportamento que leva o cuidador a ter atitudes de proteção. No caso das crianças, muitos pais têm medo de exercerem a sua autoridade enquanto figuras cuidadoras.
Para um bom desenvolvimento emocional, é muito importante a afetividade, como colo, beijo, abraços e dizerem-lhes “gosto de ti”, a autonomia, ou seja, tudo o que as crianças podem fazer sem que os pais façam por elas, e a assertividade.
Os erros dos pais que podem afetar a autoconfiança
A relação saudável entre pais e filhos faz-se através de atitudes de respeito e da criação de laços afetivos e não através do medo. Os pais cometem erros, entre os quais:
- A incapacidade de dizerem “não”.As crianças aprendem primeiro a dizer “não” e só mais tarde o “sim”. O “não” remete para os limites. É impossível crescer de forma saudável sem regras nem limites.
- A falta de compreensão para os resultados escolares. Nestes casos, os pais devem compreender que, por exemplo, os bons alunos também têm notas menos boas e não devem compará-los com os colegas ou irmãos.
- A “não valorização” da criança. Os pais devem aceitar que a criança diga “não sou capaz” ou “não consigo” e ajudá-los a conseguir atingir os objetivos.
Quais são os sinais associados a uma baixa autoconfiança a que os pais devem estar atentos?
As crianças com baixa autoconfiança têm um grande sentimento de perda e de mal-estar, que é vivido de forma intensa. Os sinais de alerta deste mal-estar podem ser vários:
- Podem ter dificuldades escolares, como a falta de concentração e dificuldades de aprendizagem.
- Podem sofrer de dificuldades nas relações interpessoais e na socialização, isolamento, exclusão e solidão. Estas dificuldades geram sintomas, tais como alterações do sono e pesadelos, ansiedade, em que a tristeza e a angústia se combinam e manifestam no mesmo sintoma como um alarme. Nesta fase, pode dominar a tristeza, a inibição e o desinteresse.
Como devem os pais atuar perante estes sinais?
No caso de uma criança se sentir infeliz e retraída, deve-se acolhê-la e apoiar com afeto para a ajudar a recuperar da tristeza. Quando esta ajuda não é suficiente, deve falar com o seu pediatra assistente ou médico de família para que eles encaminhem para uma ajuda especializada, nomeadamente para a Consulta de Psicologia e/ou Consulta de Pedopsiquiatria.
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