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Como estabelecer uma vinculação segura

Como estabelecer uma vinculação segura

Já deve ter ouvido falar em vinculação segura, mas sabe realmente o que significa? Neste artigo, explicamos-lhe o que é e o que deve fazer para estabelecer uma ligação afetiva saudável com o seu bebé.

Atualizado a 05/08/2022
6 MINUTOS DE LEITURA
Como estabelecer uma vinculação segura com o bebé?

A relação entre pais e filhos começa desde o início da gestação, e mesmo antes, na tomada de decisão da conceção, quando planeada. A partir do momento em que se sabe que se vai ser mãe ou pai, criam-se expectativas sobre a criança, sobre como será estar neste papel, o quão competente se é e sobre como será a vida depois da chegada do bebé. Após o nascimento, surgem uma série de desafios, alguns deles relativos à relação que os pais, ou as figuras cuidadoras, estabelecem com o bebé. Ouvem-se expressões como relação precoce e vinculação, mas afinal o que é que isto significa?

O que é a relação precoce?

É o conjunto das primeiras interações entre a criança e as figuras cuidadoras, como o sorriso, o choro e as vocalizações. Estas interações fazem com que se crie uma ligação afetiva entre o bebé e quem cuida dele e permitem a sua sobrevivência durante os primeiros tempos de vida em que é quase totalmente dependente.

E a vinculação?

A vinculação é um conceito muito reconhecido no estudo das relações humanas e pode definir-se como a ligação emocional e inata que se estabelece entre a criança e a figura cuidadora, como a mãe ou o pai. Esta ligação tem a função de proteger o bebé, dar-lhe uma sensação de segurança, e garantir que as suas necessidades são satisfeitas, como a alimentação, o sono, a regulação da temperatura, e, desta forma, a sua sobrevivência.

Como se estabelece e qual a sua importância?

É na relação precoce estabelecida entre o bebé e as figuras cuidadoras que se desenvolve a vinculação, através das interações do dia a dia, enquanto o cuidador atende às necessidades do bebé. O vínculo que se forma entre o bebé e a figura cuidadora, que geralmente é consolidado até aos 2 anos, estimula o cérebro da criança e é o motor do desenvolvimento social, emocional e cognitivo. As relações que estabelecemos com os outros, ao longo da vida, serão em grande medida influenciadas pela vinculação inicial com as figuras cuidadoras.

Como reconhecer uma vinculação saudável?

São conhecidos vários estilos de vinculação. Para uma vinculação segura, as necessidades fisiológicas, de proximidade e de afeto devem ser respondidas. Quando tal acontece, as crianças sentem-se livres para explorar o mundo em seu redor, brincar e expressar as suas emoções, porque estão seguras de que terão a proteção das figuras cuidadoras sempre que necessário. Como quando um bebé começa a dar os primeiros passos e regressa ao conforto e segurança do colo dos pais. Depois vai até um pouco mais longe e regressa, até ser totalmente autónomo na exploração do mundo. Apesar da separação, a criança leva dentro de si a segurança e o conforto de que terá a proteção de que precisa.

O que pode facilitar a vinculação segura?

  • Estar atento aos sinais e à comunicação do seu bebé;
  • Estar lá para o seu filho. Nos momentos em que estiverem juntos, estejam realmente presentes e atentos, física e emocionalmente. As crianças obtêm uma sensação de segurança por saberem que podem contar com a proteção dos adultos.
  • Permitir que a criança explore o mundo ao seu redor, adotando uma postura atenta, mas sem querer fazer pela criança.
  • Apoiar as iniciativas de exploração e autonomização da criança, deixando fazer e errar sem adotar uma postura punitiva, mas sim educativa perante o erro: “Boa filho, estás a tentar! Podes experimentar fazer assim da próxima vez.”
  • Apoiar na regulação emocional: As crianças precisam de colo quando choram e de compreensão quando se zangam. O objetivo será a criança aprender a expressar as suas emoções de forma a que as consiga regular e não as bloquear.
  • Não apresentar o afeto como uma condição: “A mãe/pai fica orgulhosa/o de ti se tu…” “desta vez não foi tão fácil, mas a mãe/pai está aqui para te ajudar sempre que precisares.”
  • Exemplificar, com as suas próprias relações, como pode ser mostrado respeito, compromisso e interesse pelo outro.
  • Autocuidado dos pais, mães e figuras cuidadoras. Não se procuram pais perfeitos, procuram-se pais que estejam presentes, que se questionem e respondam no seu melhor.
  • Pedir ajuda, não está sozinho. Procure apoio junto da sua rede, da qual podem fazer parte familiares, profissionais de saúde, grupos de apoio.
  • Confiar em si. Ninguém sabe melhor do que uma mãe ou um pai como se conectar com o seu filho.

 

Se sentir que não está a conseguir cuidar das suas necessidades pode ser importante procurar ajuda especializada. Antes de cuidar do seu filho procure cuidar de si – o papel de mãe ou de pai irá tornar-se muito mais tranquilo.

Joana Teixeira
Joana Teixeira
Psicóloga Clínica
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