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Gravidez gemelar: o que é e por que acontece?

Gravidez gemelar: o que é e por que acontece?

A gravidez é, em regra, um período de expectativas, esperança e alegria. Mesmo quando, de forma inesperada, a notícia chega a dobrar. Saiba o que é uma gravidez gemelar e os cuidados a ter.

Atualizado a 04/09/2023
10 MINUTOS DE LEITURA
Gravidez gemelar: o que é e por que acontece?

As gravidezes gemelares são cada vez mais frequentes e exigem, sempre que acontecem, cuidados especiais. Os obstetras devem fazer uma vigilância mais apertada deste tipo de gravidez, porque há maior probabilidade de risco para a grávida e para os fetos.

Dar a notícia de uma gravidez gemelar

Dizer a uma futura mãe ou a um casal que vai ter um filho é uma boa notícia. Dizer que são dois é uma boa notícia a duplicar.

Em regra, quando isto acontece, é natural que surjam logo muitas dúvidas e questões, como: Vou engordar muito? Preciso de comer mais ou ter cuidados especiais com a alimentação? Tenho de ir mais vezes ao médico?

É fundamental não deixar de colocar todas as perguntas ao seu obstetra. Ainda assim, eis algumas respostas para as dúvidas mais comuns.

A partir de que momento se percebe que estamos perante uma gravidez gemelar?

A gravidez diagnostica-se por ecografia, sendo possível determinar a partir da sexta ou da sétima semana se a gravidez é ou não gemelar. Se for, o obstetra identifica, na ecografia, os dois sacos e os dois embriões.

Os sintomas da gravidez são mais intensos, se forem gémeos?

Há grávidas de gémeos que podem, de facto, ter sintomas iniciais da gravidez mais intensos, por exemplo enjoos mais exacerbados. Mas não há evidência de que isso aconteça sempre ou de que exista uma associação entre gravidez gemelar e maior intensidade desses sintomas.

Na verdade, esses desconfortos iniciais da gravidez são bastante variáveis, de mulher para mulher e de gravidez para gravidez.

Há fatores que favorecem a ocorrência da gravidez gemelar?

  • A idade da mãe: hoje, sabe-se que engravidar entre os 35 e os 39 anos aumenta a probabilidade de gravidez gemelar, independentemente de se tratar de uma gravidez normal ou de uma gravidez resultante de uma técnica de apoio à fertilidade (procriação medicamente assistida);
  • As técnicas de apoio à fertilidade, nomeadamente se tiverem sido implantados na mulher dois embriões, também são fator de risco para a gravidez gemelar;
  • Em termos de origem étnica, também há algumas variações; por exemplo, em mulheres de etnia africana, a gravidez gemelar ocorre em cerca de 5 % das gestações; já nas mulheres caucasianas, essa ocorrência baixa para 1 %;
  • Finalmente, fala-se muito num fator hereditário, mas não há evidência de que ele tenha uma grande preponderância. Há histórias familiares onde se relata a existência de gémeos em diferentes gerações. E, de facto, se há gémeos na família, a probabilidade de gravidezes gemelares aumenta, mas não muito.

 

Gémeos falsos e gémeos verdadeiros. Quais são as diferenças?

São considerados “verdadeiros” e “falsos”, respetivamente, os gémeos monozigóticos e dizigóticos.

Os gémeos “verdadeiros” formam-se a partir de um óvulo e de um espermatozoide – são os que são fisicamente mais semelhantes. A mulher liberta um óvulo que é fecundado por um único espermatozoide, e este ovo depois divide-se em dois. Neste caso, serão gémeos que vão partilhar o mesmo material genético.

Isto não significa que estes gémeos vão ser absolutamente idênticos. Pode acontecer que, no decurso do seu desenvolvimento, aconteçam mutações genéticas, ou seja, alterações no padrão genético de um dos embriões, que façam com que ele se desenvolva de modo ligeiramente diferente. Mas assume-se que são geneticamente idênticos.

As gestações de gémeos monozigóticos são mais raras, representando cerca de um terço das gravidezes gemelares.

Os outros dois terços correspondem aos gémeos ditos “falsos”. Neste caso, na ovulação, são libertados dois óvulos em vez de um. E esses dois óvulos vão ser fecundados por dois espermatozoides. Ou seja, é como se fossem irmãos que partilham o mesmo útero ao mesmo tempo. Dormem no mesmo quarto, digamos. São dois irmãos diferentes que nascem ao mesmo tempo.

Para os obstetras, as gestações de gémeos “verdadeiros” e de gémeos “falsos” são encaradas de forma diferente. Têm riscos diferentes e exigem uma vigilância especialmente apertada quando, no caso dos gémeos “verdadeiros”, existe apenas uma placenta para os dois fetos (gestações monocoriónicas), que é o mais frequente nestas situações.

A existência de uma ou duas placentas nas gestações monozigóticas tem a ver com a altura em que acontece a divisão do ovo, após a fecundação. Se essa divisão acontecer nas primeiras 82 horas após a fertilização, podem existir duas placentas. Caso contrário, vai sempre existir apenas uma.

A existência dessa placenta única – ou seja, de uma única fonte de alimentação – é o que pode gerar mais riscos nesta gravidez monocoriónica. Se uma das placentas não se desenvolver como a outra, o resultado é um dos gémeos ir ficando mais frágil e pequeno, precisamente por não estar a beneficiar de uma fonte de alimentação semelhante.

As gestações monocoriónicas (dois embriões, uma placenta) têm uma vigilância mais apertada: ecografia de duas em duas semanas, parto mais cedo, por volta das 36 semanas, etc.

Riscos durante a gravidez gemelar

  • Alterações da pressão arterial: Todas as gestações podem implicar esta alteração, mesmo em mulheres com pressão arterial normal. Nas grávidas de gémeos, este risco aumenta 2,5 vezes. Ou seja, é um risco que exige grande vigilância.
  • Maior risco de os bebés serem mais pequenos, ou seja, de ocorrer restrição de crescimento fetal. Por isso, é necessário realizar mais ecografias durante a gravidez, sobretudo para perceber se o desenvolvimento dos bebés não levanta nenhuma preocupação e não exige uma intervenção mais precoce.
  • Maior risco de malformações fetais: não se sabe exatamente porquê, mas sabemos que este risco existe nos fetos de gravidez gemelar, mesmo nos gémeos “falsos”.
  • Maior risco de parto pré-termo: pensa-se que pelo facto de o útero ser obrigado a crescer muito, atinge mais cedo o momento em que se deve iniciar a expulsão, independentemente de os bebés estarem ou não prontos para nascer.

 

Cuidados a ter durante a gravidez gemelar

Todas as grávidas devem tomar a medicação que lhe for aconselhada para minimizar o risco de alteração da pressão arterial, que se sabe é maior nas grávidas de gémeos. Esta medicação não elimina o risco, não faz com que deixe de acontecer, mas pode reduzir a gravidade.

Tendo em conta o risco de parto pré-termo, as grávidas de gémeos são aconselhadas a reduzir a atividade física, sobretudo a partir das 24 semanas. Nessa altura, a grávida deve mexer-se menos, deve deixar de trabalhar, deve ter uma vida mais tranquila. Às vezes, é mesmo necessário que este abrandamento aconteça mais cedo. Cada caso é avaliado nas suas condições específicas, mas, em regra, pelo menos a partir das 24 semanas, a grávida de gémeos deve abrandar.

Relativamente à alimentação e tratando-se de gravidez gemelar, a grávida tem de manter uma dieta com maior aporte calórico, mas isso não significa “comer por três”. As grávidas de gémeos com peso normal no início da gravidez devem aumentar entre 17 e 25 quilos.

A grávida de gémeos tem mais fome?

Sim, pode ter mais vontade de comer. Mas, na verdade, essa situação é bastante variável, de grávida para grávida. Por regra, a de gémeos pode ter mais fome. Mas se tiver também mais enjoos, acaba também por não conseguir comer muito.

O parto de gémeos deve ser sempre por cesariana?

Nas gestações gemelares há maior probabilidade de o parto ter de ser por cesariana. Mas isso depende da forma como os fetos estão “arrumados” no útero, no final da gravidez.

Se o que está mais próximo do colo do útero estiver em posição sentado, o parto terá de ser obrigatoriamente por cesariana, mesmo que a grávida chegue ao hospital em trabalho de parto.

Consulte o artigo “E se forem dois?” no site Hospital da Luz.

Hospital da Luz
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