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Parentalidade: o que muda na dinâmica do casal?

Parentalidade: o que muda na dinâmica do casal?

Do imaginário à realidade, a parentalidade é um processo de crescimento para o casal e para o bebé. Saiba como lidar com a mudança e os desafios de ser pai e mãe.

Atualizado a 21/11/2022
6 MINUTOS DE LEITURA

O nascimento de um filho é um processo de mudança e transição, mas também de crescimento. A Enfermeira Fátima Esteves, da Fundação Nossa Senhora do Bom Sucesso (FNSBS), esclarece as suas dúvidas sobre como lidar com os desafios da parentalidade, e como lidar com a nova realidade do casal.

Parentalidade: do imaginário do casal à realidade

Durante a gravidez, o casal inicia uma nova fase que ainda não se materializou. O bebé, apesar de já estar presente, é ainda “imaginário”. É um período em que o casal imagina como será o filho e tenta perceber o que quer e não quer ser enquanto pai e mãe. Esta fase, ao mesmo tempo que traz memórias da infância e do seu passado, é um momento de idealização e projeção, de preparação para o que vai chegar.

Após o nascimento, tudo se torna real. Há uma alteração nas prioridades que exige a reorganização dos papéis e das tarefas. Ter um bebé nos braços, por muita preparação que seja feita, é completamente diferente do que dizem os livros, os pais e os amigos, e traz consigo o desconhecido e a insegurança.

O casal vivencia uma revolução afetiva na relação com bebé, na relação com o parceiro e na relação consigo próprio. Esta revolução influencia todas as esferas da sua vida e exige uma redefinição do “eu” enquanto sujeito individual, da vida íntima enquanto casal, da sua vida profissional e da estrutura familiar existente.

À necessidade de reajustar a relação, junta-se a responsabilidade social e a pressão familiar para o casal ser capaz de corresponder às expectativas do seu novo papel.

O que muda com a parentalidade?

É decisivo para o casal tomar consciência das, possíveis e quase certas alterações e desafios que a parentalidade vai trazer, de forma a poderem antecipar alternativas e estratégias. Além das mudanças associadas à chegada do bebé, como preparar o quarto, os produtos de bebé, o nome, entre outras, o casal deve ter consciência de várias questões, tais como:

  • Ser necessário encontrar espaço físico e afetivo para o bebé;
  • Aceitar a adaptação a novos ritmos, com o acréscimo de tarefas às já existentes;
  • Valorizar a importância de manter uma atitude de resistência e vontade de continuar, apesar da ansiedade, cansaço e preocupação;
  • Aceitar que irão ter poucas horas de sono e menos tempo para descansar;
  • Ter consciência de que a família terá novos gastos;
  • Pensar na gestão das tarefas de casa, como por exemplo, tratar das refeições, limpezas, passear o cão;
  • Decidir o que irá passar para segundo plano e como gerir os outros papéis, além de serem pais (amigos, trabalho, família);
  • Planear tempo a sós, enquanto casal;
  • Aceitar a diferente forma na relação com a sexualidade, após as alterações físicas passageiras e emocionais do casal. Por exemplo, a mama da mãe passa a ter uma função de alimentação, além do aspecto sexual;
  • Abordar alterações na visão que têm um do outro.

A importância da comunicação e flexibilidade

Nesta fase de transição, é importante ter em mente que existem diferenças entre parentalidade e parentesco:

  • A parentalidade está associada ao sistema conjugal nos seus diferente tipos e géneros (companheiro/companheira);
  • O parentesco está associado ao sistema parental (Mãe/Pai; Mãe/Mãe; Pai/Pai).

 

A comunicação e a flexibilidade permitem ao casal movimentar-se e crescer entre estes dois sistemas, tentando não negligenciar nenhum deles.

 

Estabelecer um espaço para um diálogo sincero e transparente é essencial para o casal crescer enquanto pais, mas é o reconhecer que estão nesse processo de crescimento que os vai ajudar a gerir esta nova dinâmica.

A parentalidade não está escrita nos livros, a parentalidade vive-se e aprende-se com o tempo. Todas as famílias têm competências e são capazes de enfrentar as crises e dificuldades inerentes ao seu crescimento. Seja qual for o desafio, é no contexto de família que o casal encontra a segurança para pedir ajuda. E fazê-lo demonstra a segurança de querer continuar, mesmo que, aparentemente, não se saiba como.

No processo de crescimento dos pais e da criança, é importante não nos preocuparmos com os números. Cada mãe e cada pai são únicos. O mais importante é desenvolver competências que sirvam o desenvolvimento de cada um enquanto família, que é única a cada momento que passa mas muito igual a todas as outras que estão ou estiveram na mesma situação. Partilhar vivências permite sentirmo-nos acompanhados e não únicos na “catástrofe”.

Este artigo é um complemento ao vídeo Os desafios da parentalidade da rubrica Especialista Responde no canal Youtube do Pingo Doce. Em parceria com os melhores especialistas do país, esclarecemos as dúvidas mais frequentes dos novos pais, como O alívio das cólicas e A rotina de sono na infância.

Fundação Nossa Senhora do Bom Sucesso
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